Deu no Blog do Milton Jung, apresentador da CBN - 1: Os bastidores da entrevista, sem formalidades


De bastidor: Sem formalidade

Um calhamaço de papéis nas mãos, mochila pendurada nas costas. Soninha chega no estúdio acompanhada por dois assessores. Um, além do capacete que denuncia o uso da moto, está com a máquina de fotografia digital. O outro, tem uma câmera de vídeo. O cumprimento dela já vem acompanhado de uma provocação: “Você como líder está que ninguém te agüenta ?”. E dois beijos. Sem formalidade.

Conheço Soninha há bastante tempo. Não de bar e bate-papo. De redação. Foi na da Rede Tv!, época em que narrei futebol (sim, já fiz isto). Juca Kfouri, colega dela na Folha, foi quem me apresentou. Já havia lido e ouvido aquela moça que se metia a dar palpite em futebol, coisa de homem. Miúda e de fala rápida conquistava a confiança nos primeiros minutos de jogo.

Depois foram entrevistas no CBN SP. Encontros casuais em eventos. Troca de informações. Até se candidatar a vereadora. O cargo serviu apenas para mudar o tema da conversa. Do futebol - do meu Grêmio e do Palmeiras dela - migramos para as coisas da cidade. Idéias que levou para a Câmara, divergências políticas, discussões de bastidor. Sem formalidade.

Como candidata à prefeita parece manter o mesmo jeito apesar do comentário em tom de preocupação, antes de se iniciar a entrevista, de que nesta quarta o TRE decidiria o destino do mandato dela (role para baixo e você verá no que deu esta história). E prá que tanto papel ? “Imagina se levam a moto com tudo isso dentro do baú !”.

Assim que a bola começou a rolar, entrei no tema que a diferencia dos demais candidatos: pedágio urbano. Até hoje o placar era completamente desfavorável a idéia: 7 candidatos contra, nenhum a favor. Soninha apóia a idéia e justifica com a habilidade de quem explica porque é melhor jogar no ofensivo 4-3-3 quando o restante prefere o 3-5-2.

A fala dela é rápida, não chega a velocidade do narrador esportivo mas o suficiente para provocar mensagem de um ouvinte-internauta: “eu e minha mulher concordamos que ela corre muito”. Reproduzi o e-mail para ela no fim da entrevista, fora do ar, e Soninha concordou com a crítica. “É vontade de dizer tudo de uma vez só”, responde.

Logo que se levanta, faz um pedido: “Continuem pegando no pé da gente”. Um recado para que a imprensa não deixe de cobrir as coisas que acontecem na Câmara. Diz que enquanto estamos lá, as coisas mudam. “Você não tem idéia o que eles dizem de vocês”. E ela disse, sem formalidade.

(Postado no blog do Milton Jung)