Globo cancela debate desta quinta-feira e "livra a cara" dos candidatos que temem confronto de idéias

Depois de uma longa novela, a Rede Globo confirmou o que todo mundo já desconfiava: fez toda uma encenação prometendo realizar o último debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, convocou os partidos para incontáveis reuniões, colocou-se acima do bem e do mal, anunciando uma cobertura isenta e, no final das contas, recuou e demonstrou toda a sua inabilidade para lidar com as regras democráticas das eleições.

Nos telejornais, fez uma cobertura desigual, privilegiando os três primeiros colocados nas pesquisas - ou seja, ajudando a manter a coisa do jeito que está. Para o debate que não existiu - como a viúva Porcina, "aquela que foi sem nunca ter sido" - garantia há meses que levaria os cinco primeiros colocados nas pesquisas (Marta, Kassab, Alckmin, Soninha e Maluf). Deixaria de fora os outros três candidatos de partidos com representação congressual (PSOL, PMN e PTC) e simplesmente ignoraria os outros três sem representação, como fez nos telejornais (PCO, PCB e PRTB).

O rolo compressor da Globo não funcionou. Os candidatos dos partidos chamados "nanicos" não aceitaram o acordo proposto. Mas quem ganha com o cancelamento do debate não são os nanicos, é quem está na frente nas pesquisas. Domingo, no Rio, a Record (propriedade da Igreja Universal) não exibiu o debate para não prejudicar a candidatura do Bispo Crivella. Aqui em São Paulo, com o cancelamento do debate, a Globo beneficia Marta Suplicy, a "favorita" - não por acaso do PT do presidente da República, trazendo à tona no último capítulo desta novela o ranço governista histórico da emissora da família Marinho. Triste papel todos nós desempenhamos, como coadjuvantes de mais esse pastelão global.

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