Quando a candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, ciclista, motociclista, pedestre e motorista, afirma que o transporte coletivo deve ter prioridade sobre o transporte individual na cidade e que meios alternativos (como a bicicleta) devem ser integrados e interligados ao sistema de ônibus, trem e metrô, enquanto o acesso de carro ao centro deve ser desestimulado, muita gente enxerga algo de exótico na proposta.
Por desinformação ou má-fé, desconhecem que depois de perderem passageiros por quarenta anos, ônibus, trens e metrô fazem hoje mais viagens que automóveis - e que a utilização de bicicleta e moto mais que dobrou em dez anos. É o que mostra matéria publicada na edição de Veja São Paulo desta semana, que está nas bancas.
"Os moradores da Grande São Paulo estão usando mais o transporte coletivo. De acordo com dados preliminares da Pesquisa Origem-Destino, divulgada a cada dez anos pelo Metrô, é a primeira vez desde 1967 que cresce a participação de ônibus, trens e metrô no total de viagens motorizadas", relata a abertura da reportagem da revista.
Resultado: a rede pública nunca esteve tão lotada. O metrô, os trens da CPTM e os ônibus transportam diariamente 14,2 milhões de passageiros na Região Metropolitana.
"A pesquisa Oridem-Destino do Metrô mostra também que há cada vez mais gente substituindo o carro pela moto ou pela bicicleta. É o caso do empresário Franz Schoenborn. Desde o início do ano, ele aposentou sua Toyota Corolla Fielder e tirou o pó da bicicleta encostada", prossegue a revista.
"Não agüentava mais ficar parado nas ruas", diz o empresário à revista. Ele encara até 14 quilômetros de pedaladas todo dia. Morador dos Jardins, Schoenborn costumava gastar 25 minutos para percorrer de carro os 3 quilômetros entre sua casa e a sede da empresa, no centro. De bicicleta, leva apenas dez minutos.
Em 2007, a bicicleta foi responsável por cerca de 324.000 viagens diárias na Região Metropolitana de São Paulo, o dobro do registrado no último estudo, em 1997.
"É um sinal de que a sociedade está arrumando maneiras de se adaptar às lentidões", explica Adriano Murgel Branco, ex-secretário estadual dos Transportes. "Além disso, ainda é o meio de transporte mais barato que existe."
As viagens de moto seguiram a mesma tendência e quadruplicaram nos últimos dez anos. Todo dia a motocicleta é usada em mais de 580.000 percursos de casa ao trabalho. Ah, não estão incluídas aí as rotas dos motoboys.
Veja aqui o detalhamento da proposta de Soninha para o trânsito em São Paulo.