Problemas relacionados à área da saúde e ao trânsito prevaleceram no primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na TV Bandeirantes, nesta quinta-feira, 31 de julho. A candidata do PPS, Soninha Francine, surpreendeu a todos pelo excelente desempenho em seu primeiro debate na televisão.
Os dois temas dominaram praticamente os três primeiros blocos do programa, com perguntas feitas pela produção e entre os candidatos.
No primeiro bloco do debate, os candidatos responderam à questão: “Como sua administração vai enfrentar a questão da poluição?”
Soninha disse é preciso reduzir a emissão de poluentes e de gases que causam o efeito estufa. “Com esse crédito para comprar automóvel em 90 prestações, fica difícil disciplinar o trânsito. Temos que continuar com a inspeção veicular. E melhorar a qualidade do combustível.” Assista aqui.
Segundo bloco
Soninha pergunta para Marta se ela se arrependeu de algumas obras de sua antiga gestão na área de trânsito, como a ponte estaiada e o túnel na Avenida Rebouças. Reveja aqui.
"Não me arrependo porque tudo está aí. A ponte estaiada é um cartão postal. Os túneis beneficiam a população que vem da Zona Sul. Acho que fizemos um trabalho muito bom nos transportes. Tiramos vans clandestinas de circulação e chegamos ao Bilhete Único”, disse Marta.
Na réplica, Soninha disse que o custo benefício não se mostrou o melhor possível. Marta rebateu dizendo sempre ter priorizado o transporte de massa.
Renato Reichmann (PMN) perguntou à Soninha sobre educação e carência de vagas no ensino. Questionou o que caberia à sua eventual gestão e o que ficaria com o estado.
Soninha citou as desigualdades regionais. “Temos que reduzir desigualdades regionais, que casa e trabalho fiquem mais próximos. Com isso, já reduz essa demanda tão gritante de creches. Mas também temos que investir em novas vagas”, disse.
Terceiro bloco
Marta Suplicy pergunta para a candidata Soninha sobre que projetos sociais que pretende implantar numa eventual gestão. Soninha disse que é preciso identificar as necessidades específicas da população e, após atender as necessidades, dar autonomia para que se integrem à sociedade. Assista aqui.
Soninha pergunta como Ivan Valente resolveria a falta de médicos na periferia. Segundo o candidato do PSOL, o problema não é criar concursos, já que muito não querem ir para a periferia. Soninha expôs então algumas das suas propostas para melhorar o atendimento à saúde do paulistano. Assista aqui.
O candidato Paulo Maluf chegou a pedir direito de resposta quando Soninha criticou a política de saúde do ex-prefeito (o PAS, que fez São Paulo perder repasses federais do Sistema Único de Saúde). "O PAS era muito ruim, Maluf", afirmou. O direito de resposta foi negado pelo apresentador Boris Casoy (após avaliação de uma comissão específica para este fim).
Soninha também defendeu a necessidade de se construir ciclovias pela cidade contra a expansão do transporte por automóveis e elogiou medidas tanto da administração Marta quanto a de Kassab na área social.
Quarto bloco
Questionada sobre a proposta de adotar bicicletas como alternativa aos automóveis em São Paulo, a candidata do PPS disse no debate realizado pela Rede Bandeirantes que a idéia é integrar as bicicletas com outros meios de transporte. Soninha chegou de bicicleta para o debate.
"Ninguém precisa ser atleta para andar de bicicleta. Prova disso sou eu, que sou sedentária e andei 9 quilômetros até aqui. A idéia é integrar as bicicletas com outros transportes", disse.
Soninha disse que há vários estudos em andamento, "prevendo ciclovias onde for possível, 'ciclofaixas' no leito e em calçadas, que precisam ser mais largas". Para ela, o excesso de automóveis é o grande responsável pelos congestionamentos. "Todo mundo paga por isso. O pedágio urbano seria uma das formas de diminuir a qualtidade de carros em determinadas áreas da cidade e subsidiar o transporte coletivo", sugeriu.
Considerações finais
Assista AQUI a última fala de Soninha, na íntegra:
"Pois é, esse um minuto e meio é que me mata. Os problemas de São Paulo são muito complexos e inter-relacionados para a gente poder responder em três ou quatro frases feitas e um parágrafo.
O que se pode fazer para resolver a educação e a saúde - e tem essas placas entrando na nossa frente, vocês não vêem em casa, o tempo está se esgotando. Mas, ainda temos muito tempo até a eleição, para continuar debatendo pela internet, pessoalmente, no corpo a corpo, nas entrevistas, de várias maneiras.
A vida inteira eu me perguntei o que é que eu posso fazer em relação às coisas que me incomodam e me deixam indignadas. E por isso eu quis ser vereadora, e por isso eu quero ser prefeita.
O que eu posso fazer por essa cidade que tem tantos problemas, apesar de aparentemente estar tudo resolvido - isso já foi feito, aquilo já foi feito - mas os problemas continuam todos ai e são muito graves.
E não é só o que eu posso fazer como prefeita, como também o que a gente precisa para consertar a educação, a saúde e o trânsito, e transformar também a política. Não é concebível que uma prefeita ou prefeito deixe de montar a melhor equipe possível, com as pessoas mais competentes para cada cargo, para atender compromissos políticos assumidos na época da eleição; para satisfazer a base de apoio no parlamento. A gente tem que transformar isso também.
Naturalmente, eu não tenho experiência, mas ninguém tem experiência de ser prefeito de São Paulo antes de chegar lá, e eu não estou sozinha, não. Eu faço, eu sei, tem que se apresentar o conhecimento, as experiências acumuladas em administrações anteriores por servidores e pela população. E não ter experiência tem suas vantagens também."