Jornalista Audálio Dantas declara voto em Soninha; apoio somado ao da família Herzog é emblemático

O jornalista e escritor Audálio Dantas, presidente do Sindicato dos Jornalistas na época da tortura e morte de Vladimir Herzog, num dos mais tristes e deploráveis episódios da ditadura no Brasil, acaba de declarar o voto em Soninha Francine (PPS) para a Prefeitura de São Paulo.

Não por acaso, a família Herzog (através do engenheiro Ivo, filho, e da publicitária Clarice, viúva de Vladimir Herzog) já tinha manifestado o apoio à candidata do PPS, participando do manifesto pró-Soninha (veja aqui) e acompanhando o dia-a-dia da campanha (leia).

São apoios emblemáticos de quem viveu e lutou pela liberdade de expressão e pensamento no Brasil. Gente que faz parte da história da Democracia no país.

“A morte do Vlado foi um basta. A sociedade civil percebeu que aquilo foi a gota d´água. Na hora em que ele morreu houve uma movimentação. Ele era muito conhecido no Brasil e no exterior; então todo mundo ficou sabendo", lembra Clarice Herzog. "Dói. É uma dor amenizada, claro, mas ela sempre existe. É uma cicatriz que fica. Pode não estar mais inflamada, mas cada vez que se olha pra ela, lembra-se de toda a dor.”

Em 1975, enquanto buscava implementar suas idéias de um "jornalismo público" como diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog foi chamado para depor no prédio do DOI-CODI, na rua Tutóia, para prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro. No DOI-CODI, foi brutalmente torturado sob o comando do capitão Ramiro e terminou assassinado quando se recusou a assinar o depoimento. Seu corpo foi arrastado até uma cela e pendurado numa grade, simulando suicídio. O assassinato de Herzog transformou-se em escândalo nacional e foi decisivo para o movimento que levou à abertura política no Brasil. Em 1978, a Justiça declarou a União responsável por sua morte.

Atual vice-presidente da ABI - Associação Brasileira de Imprensa, alagoano de Tanque d'Arca, Audálio Dantas, 79 anos, é um dos maiores repórteres do Brasil, premiado pela ONU por sua luta pelos direitos humanos.

Além de presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo à época do assassinato de Herzog, foi também o primeiro presidente da Fedaração Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e deputado federal pelo MDB.

Leia aqui um emocionado discurso de Juca Kfouri na entrega do título de Cidadão Paulistano ao jornalista Audálio Dantas, na noite de 9 de junho deste ano, na Câmara Municipal de São Paulo.

Declaração de apoio

"Claro que a decisão é de cada um, mas o nosso processo eleitoral, cada vez mais dependente do poder econômico (o custo por eleitor de algumas campanhas para vereador, por aqui, é maior do que o registrado para a eleição de Bush à presidência dos Estados Unidos), exige muita atenção na hora da escolha dos candidatos.

Além da derrama de dinheiro, há outras questões a considerar. A principal é a história do candidato, sua trajetória, suas propostas, seu comprometimento com as causas de interesse da maioria, com as lutas populares.

Foi considerando tudo isso que escolhemos os nossos candidatos para prefeito e vice nas próximas eleições: Soninha Francine e João Batista de Andrade."


Audálio Dantas, Vanira Kunc e Juliana Kunc Dantas