Soninha recebe notificação da Corregedoria; Câmara ignora suspeitas e ameaça punir vereadora do PPS

As declarações da vereadora e candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PPS, Soninha Francine, continuam reverberando pelos corredores da Câmara Municipal. O vereador Carlos Apolinário (DEM) fez uma representação contra Soninha na Corregedoria da Câmara (na foto ao lado, Soninha recebe e assina notificação do corregedor Wadih Mutran, do PP malufista).

"Se ela confirmar e tiver provas, vamos abrir uma CPI para punir os culpados. Se não, é injúria, calúnia e difamação", afirma o líder do DEM, que tem a cara-de-pau de ignorar as denúncias sobre troca de favores e loteamento de cargos no governo para tentar punir Soninha por "falta de decoro".

Na terça-feira, Apolinário havia subido à tribuna, já no fim da sessão, para, segundo ele, "fazer um pronunciamento em defesa da Câmara". Apolinário discursava sobre o discutível sistema de aprovação de projetos na Casa, em que todos os vereadores têm a garantia de aprovar o mesmo número de projetos (independente do mérito de cada proposta, o que leva a absurdos como a recente aprovação, num mesmo dia, de dois projetos contraditórios: um que ampliava o rodízio de carros na cidade e outro que o extinguia).

No discurso, Apolinário fez referência direta às profissões da candidata: "Alguém tem capacidade para ser jornalista, mas não para ser vereador. Alguém tem capacidade de ser comentarista de futebol, mas não para ser vereador."

Soninha reafirmou sua crítica aos métodos da Casa, e reafirmou que a base para a aprovação de projetos é o acordo político, sem debates sobre a relevância dos temas. "A Casa funciona assim e não vai mudar", rebateu Apolinário.

A candidata do PPS ainda defendeu seu ponto de vista, de que é preciso haver análise sobre a relevância de cada projeto para a cidade e mais transparência sobre os métodos da Câmara, mas foi uma voz isolada no plenário. Veja aqui o relato de Soninha sobre este episódio.

Cadeiras vazias aprovam requerimentos na Câmara

Na foto abaixo, o flagrante de mais um despropósito cometido na Câmara Municipal. O vereador Adilson Amadeu (PTB), vice-presidente da Casa, presidia a sessão ordinária de terça-feira e colocou a votos a solicitação do colega Jooji Hato (PMDB) para considerar "lidos os papéis" sobre a mesa (um conjunto de requerimentos e documentos que são despachados normalmente sem que ninguém ao menos tome conhecimento do que se trata).

O presidente da sessão abriu a votação simbólica, como de praxe, anunciando em ritmo de locutor de páreo no jóquei: "A votos. Os vereadores que concordarem permaneçam como estão. Aprovado." O detalhe insólito: dos 55 parlamentares, só a vereadora Soninha estava no plenário, além do próprio Amadeu na presidência da sessão e Hato em pé no microfone. Mas até a matemática da Câmara paulistana é um caso à parte. Três de 55 acabam virando maioria absoluta. Ou seja, cadeiras vazias ganham uma votação. Afinal, quem se preocupa com esses "detalhes"?


Soninha é a única vereadora presente no plenário; mesmo assim, votação é realizada como se houvesse quórum