Mas, afinal, quem é essa candidata maluca que defende o pedágio urbano?

Todo mundo reclama do trânsito caótico da cidade. Todo mundo cobra uma solução para os intermináveis congestionamentos paulistanos. Mas a solução para este problema crônico e gravíssimo não se dará num passe de mágica, nem com medidas cosméticas e demagógicas, que agradam a todos mas não resolvem absolutamente nada.

Quando a candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, de forma franca e sem hipocrisia, destaca a importância de se aprofundar a discussão do pedágio urbano como UMA das VÁRIAS ações de governo que podem e devem ser implantadas para resolver o problema do trânsito paulistano, parece que proferiu um palavrão cabeludo ou uma insanidade. A gritaria é geral!

Um pouco por culpa do sensacionalismo da imprensa, que publica em manchetes garrafais a "defesa do pedágio urbano", como se essa fosse a questão central do programa de governo da Soninha (ou mesmo a proposta das ciclovias, isoladamente), sem contextualizar estas idéias como PARTES interligadas de um TODO muito mais amplo e complexo.

Também por culpa da falta de compreensão do assunto. E não poderia deixar de ser, a primeira reação dos cidadãos paulistanos é de indignação: "O QUÊ? MAIS TAXAS? MAIS IMPOSTOS?". Caímos no típico comportamento do "não sei, não conheço, mas sou contra!". Ocorre que não dá pra ser contra só por "ouvir dizer". É preciso conhecer a proposta e entender todas as suas implicações para podermos nos posicionar.

A "maluquice" da candidata Soninha, nesse caso, é ter coragem de colocar o dedo na ferida e fazer o paulistano pensar e debater o que é melhor para a cidade. Sem soluções impostas de cima para baixo nem promessas vazias. Mesmo que isso não lhe renda votos - ou até lhe tire alguns, o que é mais provável.

Enfim, quais são as soluções para o congestionamento nas grandes cidades?

A princípio, é preciso se pensar em um sistema integrado de transporte urbano, composto por ciclovias, metrô, trens e ônibus de boa qualidade e fácil acesso interligando as regiões mais distantes ao centro da cidade; em paralelo, criar um controle – através de taxação, o chamado pedágio urbano – e restringir espaços de circulação e estacionamento em regiões em que o trânsito é pior.

Deve-se estimular o desenvolvimento de diversas centralidades, criando pólos alternativos de desenvolvimento, acesso a serviços e geração de empregos e reduzindo as distâncias entre casa-trabalho-serviços.

O pedágio urbano não proíbe que ninguém circule com o seu carro, apenas estimula o uso do transporte público. O que se defende é a taxação para circulação em determinadas áreas - no centro da cidade, por exemplo, que é bem servido de transporte coletivo e onde a alta concentração de veículos agrava o congestionamento naquela região e interfere nas demais vias de acesso, refletindo o problema pelo restante da cidade. Além disso, provoca outras consequências danosas, como o aumento da poluição e de doenças relacionadas.

Não existe uma solução mágica, pronta e acabada. Há divergências que precisam ser debatidas e esclarecidas. Qual o valor do pedágio urbano? Como garantir a sua total aplicação na melhora do sistema de transportes públicos? Como evitar desvios e irregularidades? Como ser justo com quem necessita utilizar o automóvel nas áreas restritas? Como não ser apenas mais uma taxa inócua que vai pesar no bolso do contribuinte?

Critica-se ainda que esta pode ser uma medida de elitização do tráfego na medida em que relaciona a circulação com o poder econômico. Por outro lado, se for garantido que os recursos adquiridos sejam reaplicados em transporte público, pode se estabelecer como mais um instrumento de justiça social - já que prioriza a coletividade (a população que em massa usa o transporte coletivo) em detrimento do individualismo (o sujeito que anda sozinho de carro sem qualquer benefício paa a maioria).

É uma proposta aberta, sujeita à discussão, a opiniões contrárias. Aliás, assim deveriam ser resolvidas as grandes questões em uma cidade do porte de São Paulo. Com o debate democrático, com transparência, com a responsabilidade solidária da população na busca de soluções para um problema emergente como é o trânsito paulistano.


1. Implantação do pedágio urbano. Ter que pagar para acessar o centro expandido da cidade desestimularia o uso de carros na área do rodízio municipal e melhoraria a situação do trânsito.

2. Malha de microônibus de qualidade. A colocação de veículos de transporte público com ar-condicionado e assentos para todos – mesmo com tarifa mais alta – atrairia os motoristas que não querem pagar o pedágio mas não abrem mão do conforto e da qualidade do transporte; aliás, transporte coletivo de qualidade deve ser meta de qualquer governo.

3. Construção de novas linhas de metrô. O dinheiro arrecadado pelo pedágio seria utilizado para a construção de mais quilômetros de metrô, atingindo mais pontos da capital e servindo a mais pessoas.

4. Repovoar o centro. Região central teve êxodo de habitantes para a periferia e tem espaço para a habitação. Morando no centro, diminui a necessidade de atravessar a cidade para parte da população.

5. Desestimular o uso intenso do automóvel. A indústria automobilística gera empregos e renda. É preciso estimular a compra e desestimular o uso intenso. As pessoas precisam passar a usar o carro apenas fora dos momentos de pico, para viajar, nos fins de semana, feriados. (Fonte: G1)

Veja aqui as respostas da própria candidata Soninha Francine para as perguntas e comentários mais frequentes sobre o pedágio urbano.