Candidata do PPS afirmou, durante sabatina no Grupo Estado, que há corrupção na Câmara Municipal de SP
Roberto Almeida
O Estado de S. Paulo
O bate-boca de anteontem entre a candidata à Prefeitura de São Paulo Soninha Francine (PPS) e a vereadora Claudete Alves (PT), na porta do banheiro feminino da Câmara Municipal, e o cerceamento da filmagem da discussão pelos vereadores Milton Leite (DEM) e Antonio Carlos Rodrigues (PR) levaram simpatizantes do PPS e políticos de outros Estados a produzirem um manifesto de apoio à candidata e suas denúncias.
“Estamos todos solidários à candidata Soninha neste momento, pela coragem de jogar luz sobre a obscuridade da Câmara Municipal de São Paulo”, diz o texto. Ele será assinado por Fernando Gabeira, candidato do PV à Prefeitura do Rio, Manuela D’Ávila, candidata em Porto Alegre pelo PC do B, e pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, entre outros.
Soninha afirmou, em sabatina do Grupo Estado, na semana passada, que há corrupção na Casa. “No mundo real, parlamentares, na Câmara Municipal de São Paulo, na Assembléia Legislativa, no Congresso votam a favor de um projeto em função do que ficar combinado que eles receberão em troca. Na pior das hipóteses, recebe-se dinheiro para votar a favor ou contra determinado projeto”, declarou a candidata.
A coordenação de campanha de Soninha, em texto veiculado no blog da candidata, compara o comportamento dos vereadores a um “código de honra da máfia, que manda exterminar quem se opõe às regras do crime organizado”. “Alguns vereadores pedem a cabeça de quem ousa questionar o modus operandi das negociatas realizadas na Câmara Municipal”, diz o texto.
A campanha do PPS já definiu um alvo: o chamado “centrão”, grupo de parlamentares do PR, PTB, PMDB, PP, PV e PSB. Diz o texto do blog: “Os próprios parlamentares não escondem que trocam o voto em determinado projeto de interesse do governo por cargos na prefeitura, por exemplo. Isso é dito abertamente. Essa é a própria essência do ‘centrão’.”
Representação
O corregedor da Câmara Municipal, Wadih Mutran (PP), recebeu ontem a representação do vereador Carlos Apolinário (DEM) para que as declarações de Soninha sejam apuradas pela Casa. Reportagens do Estado com as acusações da candidata foram anexadas ao documento.
De acordo com Apolinário, a vereadora pode ser enquadrada por quebra de decoro parlamentar, caso não indique nomes. “Se ela tiver provas, vamos abrir uma CPI para punir os culpados. Se não, é injúria, calúnia e difamação”, adiantou.
Ontem a comissão da corregedoria não teve quórum para propor um relator.
Reveja aqui como tudo começou e acompanhe mais detalhes sobre este lamentável episódio no Blog do PPS/SP.