Soninha apresenta suas propostas para os problemas da cidade na sabatina do Estadão

A candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, participou nesta sexta-feira (5) da sabatina do Grupo Estado, respondendo as perguntas de internautas do Portal Estadão, leitores e repórteres do Jornal da Tarde, O Estado de São Paulo e da rádio Eldorado.

Entre vários assuntos polêmicos e propostas concretas para os principais problemas da cidade, Soninha voltou a afirmar que a implantação do pedágio urbano na região central, apesar de impopular, será inevitável a médio prazo. "A área VIP não pode ter o mesmo preço da geral. Não é justo um indivíduo ocupar um pedação do espaço público, sozinho dentro de um carro, e não pagar a mais por isso", disse.

"O pedágio urbano não é a solução, assim como metrô e ciclovias isoladamente não são. Mas talvez seja inevitável. Pode ser que mesmo melhorando o transporte público a gente tenha que implantar. Não vai implantar no primeiro mês de 2009, mas tendo feito os ajustes necessários você estabelece na região em que o espaço é mais disputado", completou.

Leia aqui mais detalhes sobre a idéia do pedágio urbano.

Atuação na Câmara paulistana

Vereadora pelo PPS (após ter deixado o PT em 2007), Soninha fez também um longo relato sobre os problemas que enfrenta na Câmara Municipal. Segundo ela, não se vota projeto por relevância e o sistema que prevalece é o do "toma lá, dá cá".

Soninha disse que a aprovação de projetos de lei envolvem, muitas vezes, combinação do que os parlamentares receberão em troca. "O dever do prefeito ou prefeita é estabelecer limites republicanos para essa concessão", defendeu.

"Quem alegar ingenuidade ou desconhecimento depois de ser vereador deve ter sido dopado. Eu não sou Joana d'Arc, não estou sozinha. Outros vereadores também não concordam com essas práticas usuais no Legislativo", afirma Soninha, que revelou que no próximo ano pretende lançar um livro sobre a experiência na Câmara paulistana: "Catálogo da desonestidade de A a Z".

Soninha explicou que foi "isolada" pelos demais vereadores ao não dar apoio incondicional à eleição (e reeleição) do atual presidente da Câmara, vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), líder do grupo denominado Centrão - que reúne parlamentares de diversos partidos e controla a pauta da Câmara.

"Existe um sistema de pressão que faz muita gente desistir. A maior indisposição foi na eleição das mesas diretoras, nas duas últimas. Na penúltima, eu era do PT; na última, do PPS. Em ambas foi feito acordo para ter chapa única na eleição de presidente da Casa e eu não concordei". E completou: "Não tendo votado nele eu fui abertamente retaliada, inclusive com declarações dele na imprensa, falando que eu ia ter mais dificuldade para aprovar meus projetos na Câmara por não saber fazer acordo."

Ainda sobre a votação de projetos, ela disse que "nas comissões internas, vereadores deixam prosseguir projetos de colegas, como se fosse ofensa criticar ou dar parecer contrário a algum projeto ruim". Explicou ainda que todas as votações são combinadas antes mesmo do projeto ser colocado em pauta, num acordo entre os líderes das bancadas.

Loteamento de cargos

Na relação entre Legislativo e Executivo, Soninha criticou o loteamento que é feito para que os vereadores apóiem o prefeito. "O dever do prefeito é que siga bases republicanas. Se for fazer trocas por nomeações de subprefeitos, eu digo: 'Ok, vou entrevistá-los, pedir o currículo, falar com a comunidade e, se forem aprovados, vocês se considerem fazendo parte da administração. Claro que isso não dá carta branca aos subprefeitos, mas ao menos é uma concessão aceitável e melhor do que simplesmente pedir um nome para nomear sem qualquer critério", afirmou, para o caso de ser eleita.

Saída do PT

Soninha disse que deixou o PT porque chegou à conclusão de que não se identificava mais com a legenda e nem se sentia representada por ela. "Depois que saí do PT, não queria entrar em partido nenhum, pois é óbvio que todos têm problemas e definem tudo por acordo político, mas o PPS me procurou dizendo que minhas características, essa minha indignação, era o que eles queriam para melhorar e ter mais orgulho do partido. Então, achei interessante o discurso e vi também demonstrações desse discurso na prática", argumentou.

Mobilidade urbana e repovoamento do centro

A candidata do PPS afirmou que não é possível resolver o problema de trânsito sem redistribuir a população da capital.

Soninha propôs estimular os paulistanos a morarem na região central, freando o crescimento das periferias e diminuindo a necessidade de deslocamentos. "O trânsito não tem solução enquanto as pessoas precisarem de um imenso deslocamento diário."

Soninha comentou ainda a dificuldade de aprovar na Câmara Municipal a revisão do Plano Diretor da cidade. Segundo a candidata, pedidos da própria sociedade de discussões mais profundas sobre o plano atrasam a votação do projeto do Executivo.

Ela destacou que, em sua opinião, o Plano Diretor deve estabelecer mecanismos para facilitar a moradia no centro. "Existem várias maneiras de a Prefeitura induzir esse repovoamento. Todos concordam que isso é necessário", afirmou.

Soninha disse ainda que o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), foi "corajoso" ao defender em plena campanha eleitoral o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na capital com a finalidade de corrigir distorções. Na avaliação da candidata, é necessário fazer um ajuste neste setor, porque existem injustiças, quando uns pagam mais e outros menos. E disse que se for eleita, também fará esse ajuste - e adotará o IPTU progressivo.

"Mas não é uma canetada da prefeita, precisa de estudos e de aprovação da Câmara (dos Vereadores), porque justiça é justiça."

Soninha chegou de moto à sede do Grupo Estado para a sabatina. Ela contou que resolveu deixar em casa a bicicleta - que tem usado com freqüência para ir a eventos de campanha - para evitar o tráfego pesado da Marginal Tietê, na zona norte da capital, onde está localizado o prédio do Estadão. "Para trafegar na Marginal de bicicleta, só quando eu fizer a ciclovia", brincou a candidata.

Questionada se pensa em disputar as eleições em 2010, disse que a sua única pretensão - e para a qual se considera preparada - é ser chefe do Executivo municipal. "Tenho muito vontade de ser prefeita de São Paulo", emendou.

Veja aqui os vídeos da sabatina de Soninha no Estadão.